Apenas passaram alguns meses, e ainda dói, dói imenso, desde
que me deixaste. Dói só o facto de acordar de manhã, e não ter lá a tua
mensagem de ‘bom dia princesa da minha vida’. Tenho saudades da tua respiração acelerada,
do teu simples toque, da rouquidão da tua voz, dos teus abraços apertados e
beijos, tenho saudades de ouvir o teu coração a bater…
Ainda me lembro, lembro de como soube, de como fiquei
naquele dia, aliás, tenho-me sentido pior a cada dia que passa, se é que isso é
possível.
Naquela quarta-feira, não tinha aulas á tarde, como em todas
as quartas feiras, e fui directa para casa, pois irias ter comigo, quando
chegasses da tua faculdade, para termos mais uma tarde nossa, mas seria uma
tarde diferente, pois fazíamos 1 ano de namoro. Não tínhamos falado ainda, pois
na noite anterior, avisaste-me que irias ficar sem mensagens grátis,
limitamo-nos a combinar as coisas para o dia seguinte. Sai da escola, fui para
a paragem á espera do autocarro, como fazia todos os dias, não demorou muito a
chegar. Sai do autocarro, e acelarei o passo, estava um dia frio, e tinha de
fazer o nosso almoço, então não demorei muito até chegar. O meu espanto foi
quando meti a chave na porta e esta já estava aberta, pois como sabes, só tinha
gente em casa depois das 17h da tarde, mas mais espantada fiquei quando abri a
porta e vi as nossas mães, a tua e a minha. A tua estava sentada na cadeira da
mesa da cozinha e a minha mãe voltada para a janela desta. Não tive coragem de
perguntar nada, estava um ambiente tenso e forte. Os grandes olhos azuis da tua
mãe, estavam vermelhos, e penetraram nos meus, nem consegui abrir a boca para
dizer alguma coisa. Foi então que a minha mãe lá de longe balbuciou, entre
dentes “ele morreu” , quando ouvi
aquilo caiu-me tudo, o mundo parou á minha volta, e uma voz na minha cabeça,
fazia eco, como se alguém tivesse entrado nela, continuava a dizê-lo, e a
dizê-lo, “ele morreu, ele morreu, ele
morreu …”
Não consegui sequer olhar para a tua mãe novamente. Comecei
a andar para trás, lentamente, não sabia o que fazer, se havia de correr para o
colo da minha mãe, mas como sabes nunca tivemos aquela cumplicidade de mãe e
filha, se havia de gritar, de me espernear, não sabia se havia de chorar,
qualquer coisa, mas apenas que aquilo fosse um pesadelo.
Senti-me estranha, e cai em mim quando a minha mãe, com uma
voz trémula chamou pelo meu nome, preocupada. As minhas pernas tremiam, os meus
olhos enchiam-se de lágrimas, e o meu coração a mil á hora, pus as mãos á
cabeça, olhei para a minha mãe e corri para o quarto. Apressadamente, agarrei
no meu telemóvel e liguei-te, chamou, chamou, chamou e nada. Sentei-me na cama,
pus-me na pontinha mesmo, e pus-me a balançar, para a frente, para trás, para a
frente para trás... Deitei-me, e agarrada á nossa almofada, gritei imenso, e
chorei, chorei tanto meu amor. Não sai do quarto o resto do dia, não perguntei
nada, não quis saber do que aconteceu, a voz a fazer eco ainda se ouvia na
minha cabeça. Foi a primeira vez que a minha mãe se deslocou ao meu quarto para
me agarrar, e apertou-me com imensa força, e desabei, comecei a chorar que nem
uma perdida, e ela entre lágrimas “chora
meu amor, chora, agora dói, mas depois passa”. E perguntou-me se estaria
pronta para falar do funeral, para me dizer que estava tudo pronto, e que se
realizaria no dia seguinte, e que se eu não quisesse ir, ninguém me iria
apontar o dedo, ela não queria que a minha ultima imagem de ti fosse dentro de
um caixão, mas eu nem deixei ela acabar a conversa, e disse entre lágrimas que
estaria presente.
Chegou o dia, estava a chover torrencialmente, não falei a
ninguém, não consegui sequer falar com os teus pais, não tinha coragem alguma.
Olhei em redor, e ali estavas tu, corri entre o meu choro, e agarrei-me a ti,
ao teu corpo, continuavas a ser o “meu menino”, de uma forma estranha, mas eras
tu que ali estavas, tinhas morrido para as pessoas que te conheciam, para o
mundo, mas para mim não. Tudo me olhou com pena, foi horrível, só queria sair
dali, ou enterrar-me contigo. Os primeiros dias foram insuportáveis, chorei
imenso ao ponto de as minhas lágrimas secarem, só conseguia gritar a uma certa
altura. Deixei de ir á escola, desliguei o telemóvel, nem entrava em qualquer
rede social, deixei de falar com todos os que me apoiaram, amigos, família, não
comia, não via televisão, não saia do quarto, passava os dias na cama,
simplesmente deixei de ter vida, tudo parou ao meu redor, desliguei-me
completamente do mundo, e passei a viver num só mundo, no meu, em que só eu
existia. E agora, depois de alguns meses, sabes o que mudou? Nada, está tudo
igual.
Estou feia, magra,
pálida, nem os olhos quase abro. A minha mãe já chamou médicos, bruxas,
videntes, tudo e mais alguma coisa para me ajudarem, eles simplesmente dignam-se a dizer á minha mãe que
não há esperança. Ela chora , chora imenso, hoje, há coisa de 1 hora veio ao
meu quarto, agarrou-se de uma maneira fortíssima a mim, e chorou, e pediu para eu
não desistir da vida , eu limitei-me
a responder, com aquele pequeno sorriso que tu tanto gostavas “não te preocupes, estou bem , vou ter com
ele, vou ser a primeira pessoa que vai morrer de amor”.
Ela fechou os olhos, encostou a sua testa na minha e deu-me
um beijo, como se se estivesse a despedir.
E agora, estou aqui, á espera que a morte me bata á porta,
esta noite…
Não deixes de ter força para lutar.
ResponderEliminarNão acabes com a tua vida por mais que o ames.
Ele está no céu e olhar por ti.
Não abandones a tua mãe que tanto de ama.
Stay Strong <3
isto não é real, isto é um blog em que eu escrevo historias, inventadas, so isso
EliminarSabes? Eu acho que és muito forte. Ele está contigo, pode não estar em corpo mas em alma, tenho a certeza que está. Nem eu nem ninguém imagina o que é estar na tua pele, só quem passa pela dor de perder alguém que ama muito. Infelizmente, também já perdi alguém que me era muito próximo e foi horrível mas desta maneira então não consigo sequer imaginar. Desejo-te toda a força do mundo. Não tomes qualquer tipo de decisão, tens a vida pela frente e eu acredito que sem Ele isso não valha nada mas tu estás aqui, há que levantar a cabeça (e sei bem como é fácil estar aqui a dizer tudo isto mas parece que não dá, é impossível). Ele está a olhar por ti e dá graças a Deus todos os dias por teres tido todos os momentos vossos, a dois, da felicidade que tiveram. Sei que este comentário é irrelevante e podes nem levar a sério, mas a tua história comoveu-me imenso e foi inevitável não vir deixar uma forçazinha! PERMANECE FORTE. Beijinhos **
ResponderEliminaristo não é real, isto é um blog em que eu escrevo historias, inventadas, so isso....
EliminarParabéns, está PERFEITO mesmo, tens muito talento, aposta nele que terás futuro :)
ResponderEliminarParabéns, adorei, mesmo, está fantástico, a partir de agora sigo o blog (:
ResponderEliminaresta brutal parabens tens mesmo MUITO jeito
ResponderEliminarparabens MESMO